CENTRO DE FORMAÇÃO

Esta unidade do Memorial foi criada para criar novas oportunidades de formação e profissionalização para os jovens no âmbito das profissões da cultura, da valorização socioeconómica das atividades culturais e artísticas tradicionais, e para que responda às necessidades de formação que continuarão surgindo em Cacheu e que implicarão competência e qualidade na prestação de serviços.

O Centro preparou jovens para ser especialistas capazes de operar no campo da indústria cultural, do turismo, da organização de eventos, do artesanato, do jornalismo cultural, tendo em conta da situação atual, caracterizada pelo impacto das tecnologias digitais, com especial referência às habilidades necessárias para edição de publicações e jornalismo online, nas rádios e televisões assim como na web, com especial atenção às técnicas de vulgarização de temáticas históricas e culturais, especialmente da escravatura na África Ocidental.

O Centro de Formação do Memorial de Cacheu procura, portanto, formar agentes e promotores culturais capacitados e dinâmicos para tornar a cultura um vetor de crescimento socioeconómico inclusivo e sustentável.

Segue uma lista de algumas formações realizadas no Centro:

Os Guias Culturais do Memorial são figuras centrais para os objetivos do projeto, enquanto desempenham um papel fundamental de mediação cultural entre a comunidade local e o Memorial, entre os visitantes e a comunidade de Cacheu, alimentando a dupla dimensão, histórica e memorial, da narração sobre a escravatura.

A formação foi organizada em 2 módulos principais e continuou durante os quatro anos do projeto “Cacheu de si cultura i istoria” com experiências de training on the job. Os dois módulos tiveram lugar em novembro de 2016 e junho 2017 com o envolvimento de 10 jovens de Cacheu, selecionados em colaboração com as comunidades locais na base de critérios de: i) residência, ii) nível de escolarização, iii) atitude pela comunicação e o relacionamento interpessoal; iv) género, garantindo équas oportunidades à ambos géneros.

A formação apostou numa metodologia participativa, a partir da definição de competências e conhecimentos que deveriam caraterizar o perfil dum guia cultural do Memorial, com sessões de formação focalizadas em: i) técnicas de comunicação; ii) técnicas de interpretação do património (heritage interpretation); iii) gestão de grupos; iv) planeamento e organização atividades de visita; v) técnicas de pesquisa bibliográfica e de informações históricas; v) elementos de museologia.

A formação de jornalistas de radio e televisão comunitários sobre temáticas e conteúdos de caracter cultural decorreu em Junho de 2017 e foi organizada com o envolvimento da rede de técnicos de rádio, televisão e centros de formação parceiros de AD, e a colaboração da RENARC (Rede Nacional de Rádios e Televisões Comunitárias da Guiné-Bissau). A primeira parte da formação foi dedicada às problemáticas de interpretação e comunicação do património cultural, em comum com os guias culturais, e a segunda parte sobre técnicas de comunicação e de edição de programas culturais, com particular enfoque sobre as temáticas de caracter histórico.

Na terceira semana de fevereiro de 2018 decorreu em Cacheu a formação para promotores culturais sobre a Produção cultural, meio de valorização e promoção da cultura local. A formação dirigida à 11 jovens tive como objetivos desenvolver e potenciar capacidades e competências na organização de festivais musicais, cinematográficos e outros eventos culturais, estabelecendo programas, concebendo o papel de cada grupo de interesse, fazendo marketing do evento e interessando os diferentes parceiros na realização de receitas de fundos. A formação incluiu noções de: i) organização empresarial, ii) desenvolvimento de capacidades criativas e inovadoras, iii) ética profissional e respeito pelos compromissos, iv) boa programação ao longo do ano, v) desenvolvimento de capacidade de descoberta de novos valores culturais e artísticos, vi) gestão contabilística das iniciativas a desenvolver da sua nova profissão.

A formação, preparada para responder aos objetivos acima apresentados, teve formato de um intenso laboratório/workshopdurante o qual os participantes, através de uma partilha continua e direcionada de experiências e, também, durante o processo de produção de um evento organizado no último dia do curso, adquiriram as aptidões que os permitam realizar produções culturais de elevada qualidade, bem enraizados no local onde estas serão desenvolvidas, sempre com o apoio dos habitantes destes lugares.

Entre as formações para produções artesanais tradicionais foi dada prioridade à produção de instrumentos musicais tradicionais devido à importância da expressão musical como forma privilegiada de transmissão de memória cultural, onde é possível encontrar legados da escravatura, e às sinergias com os festivais culturais de Cacheu.

A formação para produção de instrumentos musicais tradicionais decorreu em junho 2019 no Memorial de Cacheu. Ao longo de uma semana os participantes – escolhidos de forma participativa com as comunidades- conheceram as técnicas, os materiais e as ferramentas necessárias para a construção do instrumento objeto desta primeira formação deste tipo: o sicó, a sua história, as formas e circunstâncias da sua utilização. Os formandos produziram os instrumentos e refletiram sobre a importância de continuar a construir e a utilizar os instrumentos musicais tradicionais, assim como torná-lós atrativos para outros públicos e, desta forma, conseguir uma fonte de rendimentos através da sua comercialização.